Oposição Interna: Os exonerados frequentemente tornam-se críticos internos do governo de João Lourenço, criando uma oposição dentro do próprio partido. Isso tem resultado em manobras políticas que têm minado a autoridade do presidente. É importante realçar que em alguns casos, os exonerados buscam alianças com a oposição, para se vingar e recuperar a influência perdida.
Por Malundo Kudiqueba
A perda de poder e acesso a recursos causa um ressentimento profundo entre os exonerados. Para muitos, a política no MPLA é um meio de enriquecimento pessoal, e a perda dessa oportunidade é um golpe significativo. A exoneração pública é muitas vezes vista como uma humilhação, alimentando ainda mais o rancor contra o presidente. Aqui vai o extracto de uma “conversa” entre João Lourenço e um dos seus ministros.
Ministro – Tenho uma pergunta filosófica para o presidente: como explica tanta falsidade e deslealdade política no MPLA. Os ministros são amigos quando são nomeados, mas depois de exonerados, transformam-se em inimigos?
Presidente – Eu geralmente dou um sorriso e digo: “Bem-vindo ao clube dos descontentes! O clube dos descontentes dentro do MPLA tem vindo a ganhar membros e adeptos todos dias. Já agora para tua informação a adesão para este grupo é gratuita, caso estejas interessado.”
Ministro – E o presidente já teve algum ex-aliado que virou inimigo e teve a coragem de reclamar directamente?
Presidente – Sim, já. Mas como é hábito, mantive a minha calma e disse: “Meu caro, você tem toda a razão de estar chateado. Ao longo desses anos que estou neste cargo aprendi algo muito interessante: A diferença entre um amigo e um inimigo na política é que o inimigo é mais honesto nas suas críticas!”
Ministro – E qual é a sua reacção quando o presidente percebe que alguém que era seu “amigo” virou um crítico feroz?
Presidente – A política é um campo onde as lealdades podem mudar rapidamente e onde os amigos podem se transformar em críticos.
Ministro – E como o senhor explica ganhar créditos quando um ministro faz bom trabalho?
Presidente – Há um ditado que diz o seguinte: “O sucesso tem muitos pais, mas o fracasso é órfão.” Então, quando tudo está bem, todo mundo quer um pedaço do crédito. Se um ministro estiver a fazer um bom trabalho, eu fico com a medalha de ouro e ele recebe uma menção honrosa. Afinal de contas sou sempre criticado pela incompetência dos meus ministros. Tenho que ter algum beneficio (concluiu o presidente João Lourenço, piscando o olho direito).
Ministro – Será que o presidente concede uma segunda oportunidade aos ministros que desviam verbas no exercício dos seus cargos?
Presidente – Segunda oportunidade? Ah, claro! Mas só se a primeira chance não envolver um buraco maior do que o orçamento!
Ministro – E como o presidente explica a mudança de atitude dos políticos depois de saírem dos cargos?
Presidente – Bem, é incrível como um ex-ministro que nunca teve uma palavra negativa a dizer enquanto estava no cargo de repente se transforma no crítico mais feroz do governo. É como se descobrissem uma nova vocação! Acredito que, para alguns, é uma forma de lidar com a “síndrome de abstinência de poder”. Eles precisam encontrar uma nova maneira de se manterem relevantes e notados.
Ministro – E o presidente já teve que lidar com um político que fez de tudo para tentar voltar ao seu favor?
Presidente – (sorrindo) Ah, meu caro ministro, claro que já. A política é cheia de reviravoltas e retornos inesperados. Deixe-me contar uma história engraçada sobre isso. Uma certa altura, um ex-ministro que eu tinha exonerado apareceu no meu gabinete. Ele entrou com uma postura humilde, mas eu podia ver o brilho da determinação nos olhos dele. Começou a falar sobre como havia reflectido, mudado e estava pronto para contribuir de novo. Concedi o ex-ministro nova oportunidade. Não posso generalizar até porque já tive boas e más experiências.
Ministro – E qual a sua resposta para essas tentativas de retorno?
Presidente – Cada caso é um caso mas na maior parte das vezes digo sempre que a porta já está fechada. Não podemos continuar a repetir os mesmos erros.
Ministro – E o que o presidente tem a dizer sobre “reconciliações” políticas?
Presidente – Ah, as reconciliações são como festas de aniversário às quais você não queria ir. Se a pessoa realmente quer reconciliar-se, ela vai ter que trazer um presente que seja mais do que uma conversa de meia hora!
Ministro – Que presente é que o presidente João Lourenço gostaria de receber dos seus ministros?
Presidente – Os meus ministros não têm aquilo que eu gostaria de receber. Atenção: – Não estou a falar de dinheiro. O que realmente gostaria de receber dos meus ministros é uma amizade pura e genuína. Eles não podem dar isso.
Ministro – Então o senhor vê a política como um ciclo de altos e baixos?
Presidente – Exactamente! É como uma montanha-russa: tem altos, baixos e loopings inesperados. O segredo é gritar de alegria durante as descidas e segurar firme nas subidas!
Ministro – E se o presidente pudesse dar um conselho final para enfrentar as traições e críticas?
Presidente – A política é um jogo onde traições e críticas são inevitáveis. E lembre-se, mesmo os melhores líderes enfrentam traições e críticas. Fico triste com as críticas injustas mas tenho a minha consciência tranquila. Isso é que interessa!
Ministro – Então, se eu cometer um erro grave, devo ser julgado sozinho…
Presidente – Exactamente! Ministro que rouba deve pagar pelos seus actos. O crime é intransmissível. “Muitos dos nossos camaradas estão a sujar a marca MPLA”.
Ministro – E o senhor não acha que isso pode ser um pouco injusto?
Presidente – “Injusto é ser criticado pela vossa incompetência.” “Eu dou oportunidades, vocês não aproveitam e depois sou o culpado? Já não tenho paciência para vos aturar. Não vejo a hora de abandonar tudo isto.”
Ministro – E quanto às críticas que o presidente recebe pela incompetência dos seus ministros?
Presidente – Na política, há uma regra que deve ser levada em consideração: “Quando algo dá errado, a culpa é do líder. Quando dá certo, o mérito é de todo partido.” É como um jogo de futebol. Quando a equipa perde, o treinador é o primeiro a ser criticado. Quando a equipa ganha, os jogadores recebem os aplausos. “Para falar a verdade, e no meu caso em concreto, tenho recebido mais apupos do que aplausos.”
Ministro – E o senhor não acha que deveria ser mais duro com os seus ministros?
Presidente – Sabe, eu sempre digo que a política é como uma dança. Se você pisa demais nos pés dos teus parceiros, ninguém vai querer dançar contigo. Claro, às vezes é preciso puxar ou esticar a corda e avisar que há limites. Não posso ser duro. Estou fragilizado e todo mundo sabe disso.
Ministro – E o presidente não se sente mal por não ajudar mais os seus ministros?
Presidente – Ah, claro que me sinto, mas a responsabilidade é como uma peça de teatro. Se o actor comete um erro no palco, o director não abandona o palco para fazer correcções!
Ministro – Então a responsabilidade é individual, mas o sucesso é colectivo?
Presidente – Exactamente! Se você se sai bem, nós celebramos juntos. Se você falha, você é o principal protagonista da história!
Ministro – Mas como assim?
Presidente – Se você erra, é uma óptima chance de aprender. E se você faz um bom trabalho, é uma oportunidade para brilhar!
Ministro – Excelente conselho, senhor Presidente! Vou seguir essas palavras de sabedoria!
Presidente – Óptimo! E se algum dia você precisar de mais conselhos ou de uma boa risada, você sabe onde me encontrar!
Ministro – Assim será! Até a próxima!
Presidente: Até à próxima!